terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Notas sobre A Grande Onda - 3

 
 
 
 



3.
 
Timothy Clark, director da colecção japonesa do British Museum, apelida A Grande Onda de «sinfonia em azul» (Hokuasi’Great Wave, The British Museum Press, 2012).
Nas águas do mar, o azul da Prússia apresenta-se em três tonalidades distintas, enquanto o índigo é utilizado nos contornos e na legenda situada no canto superior esquerdo da gravura.
Não por acaso, quando, em finais de 1830, foi anunciada a publicação da série 36 Vistas do Monte Fuji, o editor, Nishimuraya Yohachi, utilizou os seguintes dizeres promocionais: «uma paisagem em cada folha, alinhada em sucessão, impressa em azul».
As artes gráficas japonesas eram marcadas na altura por uma imensa paixão por aquela cor, na versão azul da Prússia.
Ao que tudo indica, a moda começara no Verão de 1829, quando o artista Keisan Eisen teve a ideia de desenhar uma gravura inteiramente em tonalidades de azul da Prússia, o que levaria, no ano seguinte, a um febril interesse do público por ilustrações naquele pigmento, conhecido no Japão como berorin-ai ou bero, palavra que resulta da combinação de «Berlim», em holandês, e de «índigo», em japonês.
As 36 Vistas do Monte Fuji, em que se integra A Grande Onda, são o primeiro projecto editorial em larga escala da «revolução azul», expressão cunhada por Henry D. Smith II, professor de História do Japão da Universidade de Colúmbia, na sua obra Hokusai: One Hundred Views of Mt. Fuji (Thames and Hudson,1988).   
 
 


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